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O Conto Da Comadre Fulozinha

Comadre Fulozinha
Comadre Fulozinha

Essa história é bastante conhecida no Nordeste brasileiro e, se você é de lá ou já morou na região, provavelmente ouviu falar dela de algum familiar ou até teve algum contato com essa entidade. Pois bem, por volta dos anos 2000, eu escutava muito essa história, e ela sempre era contada como algo verídico, já que muitas pessoas afirmavam ter tido alguma experiência com essa figura. Na minha família, houve um caso: minha irmã mais velha disse ter visto uma menina que a levou para longe dos pais, para o meio da mata. Até aí, tudo bem, já que essa entidade não causou nenhum mal a ela. Mas como saber se foi mesmo a “Comadre Fulozinha” que sequestrou minha irmã ou se era apenas uma outra criança qualquer? Aí é que está: ninguém viu, então só restou acreditar ou não.

A descrição da entidade Comadre Fulozinha varia bastante e depende da região onde a história é contada. A maioria das pessoas diz que ela tem aparência de criança, com cabelos longos e pretos – pelo menos era assim que a descreviam para mim. Contavam também que ela gostava de trançar o rabo dos cavalos e que apreciava quando alguém deixava uma tigela com comida e fumo para ela; caso contrário, ela poderia fazer alguma maldade aos moradores locais. Outra característica marcante era o assobio. Quando ela assobiava e o som parecia distante, isso significava que ela estava perto – e vice-versa. Muitos tinham medo de ir sozinhos a algum sítio, achando que poderiam encontrar esse ser diabólico.

Eu cresci no interior e sempre amei histórias de terror contadas por amigos e meus avós. Muitas vezes, ficava até tarde da noite ouvindo e contando essas histórias, e depois tinha dificuldade para dormir por causa dos pesadelos. Mesmo assim, sempre insisti nesse tema.

Minha experiência com essa entidade

Costumava sair de manhã para o sítio e, por gostar desse tipo de coisa, sempre tinha um certo medo de encontrar essa entidade, mas, ao mesmo tempo, uma curiosidade de vê-la de perto com meus próprios olhos. Sempre fui cético quanto a isso e penso que, se você tem muito medo de algo, acaba vendo coisas que não existem. Com isso em mente, eu costumava pescar sozinho pelo sítio e ia bem longe, até

mesmo entrando na mata – o que era outro tabu na minha época. De certa forma, embarquei em uma jornada para encontrar esse ser, mas, na minha cabeça, eu o veria apenas de longe, sem correr o risco de ela me fazer algum mal. Era muito ingênuo por pensar assim, e às vezes rio de mim mesmo só de lembrar. Era muito mais fácil eu ser picado por uma cobra ou sofrer algum acidente do que encontrar essa entidade.

Depois da frustração de nunca ter encontrado nada, parei de acreditar nela, e isso me trouxe um alívio, porque uma coisa que sempre amei era andar pela mata, explorando plantas e animais. Confesso que ouvia sons esquisitos e já vi pessoas desconhecidas na mata, além de outras coisas que poderiam me oferecer algum risco, mas nunca vi algo sobrenatural. Sabendo que essa história era famosa na minha região, aproveitei para pregar algumas peças em outras pessoas: eu ficava escondido em cima de uma árvore e esperava alguém passar por perto. Quando passava, eu assobiava para simular a Comadre Fulozinha. Era divertido ver as pessoas correndo de medo!

Mas nem tudo são flores. Embora eu nunca tenha visto algo sobrenatural acontecendo na minha frente, já andei com primos ou amigos que diziam ter visto coisas estranhas. Eram relatos bem apavorantes, mas isso fica para uma próxima postagem neste blog.


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